Para jornal britânico, o maior programa de transferência de renda do mundo causa menos entusiasmo hoje entre agências de desenvolvimento
Usuária do Bolsa Família: FT aponta que o programa consegue aumentar a presença na escola, mas há pouca evidência de que melhore o desempenho educacional |
Em reportagem publicada nesta terça, o FT afirma que programas similares são encontrados hoje em 30 países.
A razão para a popularidade é simples: “programas de transferência de renda matam, aparentemente, vários problemas com uma só cajadada”.
Eles, por exemplo, superam a falta de investimentos em saúde e educação “e oferecem um caminho para fora da pobreza”, além de “empoderar a mulher como chefe da casa”, já que é ela que recebe o benefício. E, no fim, ainda são baratos, diz o texto, em visão alinhada com a do governo brasileiro.
Mas, segundo o Financial Times, agências de desenvolvimento já esfriaram o ânimo em relação a iniciativas como o Bolsa Família, mesmo tendo sido constatado que elas reduzem a miséria.
“Estudos mostram que salário e crescimento do emprego desempenham um papel mais importante na redução da pobreza. Embora os programas façam crescer o número de matrículas, há menos evidências de que aumentem os níveis da educação (por causa da má qualidade do ensino), o que, em parte, acaba com sua principal finalidade”, afirma o jornal.
Uma década
O FT lembra que o Bolsa Família, criado a partir da união de vários cadastros existentes até então, é uma marca hoje intimamente ligada ao PT e que alcança 25% dos brasileiros.
A oposição no Brasil quer acabar com essa arma. No ano passado, o provável presidenciável e senador Aécio Neves apresentou projeto para que o Bolsa Família vire lei.
Em 2013, quando completou uma década, o programa recebeu o prêmio máximo concedido pela Associação Internacional de Seguridade Social a cada três anos. Os gastos chegaram a R$ 24,5 bilhões no ano passado, segundo a ONG Contas Abertas, com 14,1 milhões de famílias beneficiadas.
Ontem, o Financial Times publicou ainda matéria sobre a frágil situação das milhões de pessoas que ascenderam à classe média na América Latina, com destaque ao Brasil.
Fonte: EXAME
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